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MINHA JORNADA NAS LETRAS

Considerei bastante o que escrever aqui para vocês, já que eu não sei dizer se sou escritora, autora, os dois ou nenhum dos dois. Independentemente de rótulos, eu escrevo. Poesias, histórias curtas, incompletas, inacabadas, imperfeitas; livros de fantasia, de romance, com pessoas idealizadas, pessoas inventadas, pessoas reais. E, porque escrevo, tenho uma vida de escritora que gostaria de compartilhar.

 

Comecei a escrever muito cedo. Desenhar as letras, desde a pré-escola. Juntar frases que formassem histórias, eu me recordo pela primeira vez aos doze anos. Sempre fui introspectiva, e na adolescência essa característica se mostrou mais marcante. Gostava de ficar com meus pensamentos, ouvindo músicas e rabiscando cadernos. Não tinha computador, meus amigos eram papeis e canetas coloridas. E uma máquina de escrever antiga, que fazia muito barulho.

 

Gostava de escrever mas ainda não sabia fazer isso muito bem. Eu tinha ideias, mas era muito jovem para ter a maturidade de lidar com elas. Meu primeiro romance foi integralmente reescrito recentemente, tornando-se meu livro Dezembro. Nesse período da adolescência eu escrevia mais poesias, que vocês podem conferir no blog, se quiserem. Também produzia fanfictions com meus ídolos da música e do cinema.

Eu também tinha muita vergonha de mostrar o que escrevia para as pessoas ao meu redor. Quando compramos um computador e eu finalmente tive acesso à internet, e isso já lá pelos meus dezesseis anos, decidi mostrar as fanfictions para pessoas estranhas. Já rabiscava alguma coisa em inglês, também, e o compartilhar minhas histórias foi muito gratificante. Primeiro, porque eu pude aprender muito com os leitores e as leitoras. Segundo, porque fui estabelecendo que escrever era parte mesmo de quem eu era.

Como viver da escrita nunca foi uma opção, dedicava-me às fanfictions porque gostava e acreditava que nunca seria capaz de produzir uma história totalmente inédita, com personagens construídas por mim. Levei bastante tempo entre os estudos e os capítulos, entre o trabalho e os livros, entre o romance real e o fictício. Eu tinha duas vidas - e a Tatiana escritora estava sempre em segundo plano, pouco valorizada, geralmente ignorada.

 

Até que meu marido disse que eu deveria escrever um livro. Um original. Assim, ele simplesmente disse que eu deveria fazer e eu acreditei nele. Isso já era por volta de 2007, eu já era uma mulher adulta, cheia de trabalho, recém saída de um Mestrado estressante. Decidi seguir esse caminho e escolhi um texto antigo para me ajudar como base nessa primeira tentativa de escrever algo só meu - Às Avessas era uma fanfiction de fantasia, que narrava o romance de um anjo e seu protegido na Terra.

Capa da fanfic Às Avessas, em inglês - prque eu adorava escrever em inglês!
Primeira capa do livro
A Origem

Levei mais de um ano para concluir alguma coisa, depois de muitas reviravoltas na história que estava criando. Dei-me conta que teria um livro enorme, com muitas páginas - e então decidi criar a trilogia O Segredo de Esplendora. Só que publicar era muito mais difícil do que escrever, e descobri isso depois que mandei o primeiro livro, A Origem, para três editoras. Uma, nunca me respondeu. Outra, me respondeu que não estavam aceitando originais. A terceira, em menos de 24h, me disse que não publicaria meu livro, mas que poderia me enquadrar em um selo pago. Eu poderia ter meu livro pela bagatela de 18 mil Reais.

 

Sim, era um valor que eu cheguei a considerar investir, mas que eu não tinha nem parecia justo que eu pagasse para publicar. Descobri, com alguma dificuldade, que dava para fazer aquilo por mim mesma, dava para ser autopublicada. Fiz a capa, diagramei e produzi a trilogia. Os livros foram publicados em 2009, 2010 e 2011, sendo que apenas o primeiro volume teve uma tiragem impressa.

Depois que publiquei minha trilogia fantástica...

Cometi muitos erros nessa caminhada inicial, que eu tento evitar repetir. Aprendi que preciso muito de uma rede de pessoas que estejam no mesmo caminho e que só podemos ser autores e autoras independentes, no Brasil, se dermos as mãos e seguirmos juntos e juntas. Dediquei a trilogia à Mônica, pois ela me apoiou incondicionalmente durante esse processo. Não sei se ela sabe disso, talvez eu esteja contando pela primeira vez.

 

Depois da trilogia, eu já tinha novos livros em andamento. Abandonei as fanfictions e quis dedicar-me exclusivamente aos originais. Alguns livros eu nunca terminei, ficaram inacabados em algum lugar do meu computador - e estão lá até hoje. Pode ser que um dia eu decida que é a hora deles. Outros foram lançados gratuitamente, como Sequestrados, o livro que eu mais gostei de escrever até hoje.

Ainda era uma mulher com várias faces, mas a Tatiana escritora já tinha um lugar de destaque. Todos sabiam que eu escrevia, tanto que, em 2012, fui a Porto Alegre lançar A Origem (primeiro livro da trilogia) pela Editora Modo, na I Odisséia de Literatura Fantástica. Foi emocionante, porque eu me senti parte do universo literário pela primeira vez. Conheci pessoas que guardo no coração até hoje, como as lindas Ceres e Evelyn, duas irmãs escritoras que muito me amparam nessa jornada. Fiz alguns amigos virtuais, que nunca pude conhecer pessoalmente, mas que também fizeram a diferença no começo. Vou citar aqui o Alec Silva e o Renato Gondim.

Desde essa data, tive que reduzir meus escritos. A outra Tatiana, que escreve textos científicos, dá aulas, é mãe e esposa, e trabalha muitas horas por semana, prevaleceu. Entrei no Doutorado e precisei me afastar de algumas atividades. Praticamente abandonei o mundo literário para me dedicar à academia, outra paixão. Foi doloroso, mas necessário. Ainda assim, publiquei algumas coisas no Wattpad, como Paixão em um Verão e Paso Doble, duas histórias pelas quais nutro especial carinho.

Conheci novas pessoas pelo caminho, algumas que já faziam parte da minha vida, outras que entraram graças ao universo literário. Continuo em movimento, e em 2019 passei a me dedicar aos romances de época. 

A Tatiana escritora decidiu produzir um romance erótico, aceitando o desafio de duas amigas, que sempre me apoiaram nas escritas - Bruna e Maíra. Em 2013, estava pronto Jogos de Adultos, depois da turbulência da minha gestação de risco, em que fiquei de repouso um trimestre inteiro. O romance atraiu a atenção da Editora Literata e foi lançado na Bienal de São Paulo em 2014. 

 

Esse foi um dia fabuloso, em que recebi amigos e amigas, alunos e alunas que pegaram um ônibus em Cachoeiro de Itapemirim e enfrentaram a Bienal para me prestigiar. Recebi os pais da Bruna, que são pessoas iluminadas, porque ela pediu que eles me prestigiassem. Recebi o professor Ferrara, que dedicou parte de seu tempo para me ver. Lidar com esse pequeno momento de apoteose é fantástico.

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