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Posse na Academia Cachoeirense de Letras

Atualizado: 7 de mar. de 2022

Demorei quase uma semana para vir aqui postar sobre esse momento, mas cá estou. No dia 21 de novembro de 2018 tomei posse na Academia Cachoeirense de Letras, ocupando a cadeira 35. Depois de caminhar muito chão nessa vida de escritora, o reconhecimento do meu trabalho vindo de casa me deixou muito emocionada.


Não tinha pretensões de ocupar uma cadeira na academia mas, como disse em meu discurso de posse, ao conhecer minhas confreiras e meus confrades, e ver o quanto podemos contribuir para a cultura em nossa região, sei que é na ACL que eu quero estar.


Agradeço muito ao meu amigo Marco Aurélio Borges Costa, também imortal, que me indicou para a cadeira vaga e tem me apoiado tanto nessa caminhada.


Confiram meu discurso de posse, que eu obviamente não falei na íntegra porque improvisar é meu nome do meio!


Quando me foi dada a incumbência de preparar um discurso para minha posse na Academia Cachoeirense de Letras, descobri-me sem saber o que dizer. Isso porque há tanto a se falar, ao mesmo tempo que pouco precisa ser dito. E vi-me mais apta a me comunicar com a palavra escrita do que falada. Pensando no que dizer hoje, a todos e todas, busquei inspiração em Vinicius de Morais, em Drummond e em Milton Nascimento. Todos falaram comigo, de uma forma ou de outra, que eu deveria ser eu mesma.
Candidatei-me a uma cadeira nesta prestigiosa instituição não por capricho ou status, mas porque sou escritora, sou leitora, porque acredito na arte como uma fabulosa forma de expressão e compreensão do mundo, e porque o trabalho realizado por instituições como esta Academia de Letras ultrapassam a sua própria história e deixam um legado essencial para a cultura de um povo. Tendo a honra de ter sido aceita, imaginei se eu me encaixaria em tão respeitável e tradicional instituição. Olhando para a diversidade de mentes e trabalhos que compõem a Academia Cachoeirense de Letras, acredito que sim.
Ocuparei a cadeira 35, cujo Patrono é Fernando Mota, e que fora antes ocupada pelo dileto colega de profissão Sílvio Roberto Carvalho de Oliveira. Filho de Neusa Carvalho de Oliveira e Paulo Fernando de Souza Oliveira, meu antecessor é cachoeirense de nascimento, tendo ingressado nesta Academia de Letras em 1998. Produziu as obras Brincando de ser poeta (1998), A porta do meu coração (1999), Poesias (a)fiadas (2000) e Sentimentos (que o dinheiro não compra) (2001). É advogado, formado pela Faculdade de Direito de Itapemirim, e em 2001 foi eleito membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.
Também sou advogada. Como pessoa que escolheu defender a Justiça com as palavras, sinto-me honrada em ocupar, nesse momento, a cadeira de um colega que trilha os mesmos caminhos do Direito e da Literatura.
A minha trajetória no caminho das artes data da minha adolescência. Cresci leitora, devoradora de livros, e desafiei-me a escrever algumas poesias, ainda com meus doze, treze anos. Nunca fui muito das rimas, lancei-me no universo dos romances aos dezessete. Finalizei meu primeiro romance em 1996, mas nunca o publiquei. Já na era da internet e dos blogues, compartilhei meus escritos em sítios especializados. Em 2009 decidi publicar oficialmente um romance, em formato impresso, e assim saiu a minha trilogia O Segredo de Esplendora. Descobri-me, assim, uma criadora de mundos e universos que por vezes saíam do meu controle.
Desde então, publiquei, como autora independente, nove romances: O Segredo de Esplendora, uma trilogia, em 2010, 2011 e 2012. Sequestrados, em 2012. Jogos de Adultos, em 2013. Paso Doble, em 2016. Dezembro, A Patricinha e o Milionário e Paixão em um Verão, todos em 2018. Cada um deles têm uma história por trás, e me conduziu a diferentes vivências e experiências.
Já participei de eventos literários em Cachoeiro, em Marataízes, em Vitória, em Porto Alegre, em São Paulo. Já lancei obras nas bienais e já estive em encontros de leitores e escritores. Sigo a filosofia de Milton Nascimento - o artista deve ir aonde o povo está. Nessas andanças já conheci muita gente boa, algumas amizades que venho cultivando pela vida.
Existe uma outra Tatiana que é jurista, pesquisadora, que produz textos científicos e caminha transmitindo outras mensagens. Elas não são muito diferentes, mas totalmente opostas. Dizem que nunca devemos falar de nós mesmos em terceira pessoa, mas, quando me biparto, não vejo outra maneira de me referir a mim mesma. A Tatiana jurista é cientista, a Tatiana escritora é sonhadora. As duas às vezes se confundem, mas nunca se fundem.
Confesso que não sou uma escritora tradicional. Meu estilo é, por vezes, controverso. Mas eu acredito no livro como um símbolo, e acredito no livro como uma poderosa forma de se passar uma mensagem. Até então, desbravei o universo literário com minhas mãos. Nesta nova fase, como membro da Academia Cachoeirense de Letras, inspiro-me a ir além, na defesa da arte, da pluralidade do pensamento e das ideias, da multiculturalidade, da liberdade de expressão. Inspiro-me a ajudar na transformação de pessoas para que estas transformem o mundo em um lugar melhor. Pode ser ambicioso demais, mas sonhar com os pés no chão não tem tanta graça assim.
Termino-me por aqui com o meu sincero agradecimento aos confrades e confreiras desta Academia, pela indicação e pelo acolhimento, em especial ao meu amigo e confrade Marco Borges. Ao querido Higner Mansur, pela disponibilidade e amizade de sempre, em nos inspirar como um dos guardiões da memória de Cachoeiro de Itapemirim. À presidenta Marilene Depes, a quem já aprendi a admirar e cujos passos nessa Academia também pretendo seguir. Obrigada pela oportunidade de fazer parte desta casa.

Vejam as fotos!


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