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Anticoncepcionais vitorianos

Atualizado: 7 de mar. de 2022

ATENÇÃO, ESSA POSTAGEM POSSUI INFORMAÇÃO COM LINGUAGEM TÉCNICA E VULGAR QUE NÃO SÃO ADEQUADAS PARA CRIANÇAS.


Em todos os meus romances de época, os casais lidam com o problema da procriação. Elizabeth e Aiden e Caroline e Isaac são casais pouco tradicionais que não podem arriscar ter filhos, pois eles seriam bastardos. Para tanto, lançam mão dos mais variados métodos contraceptivos, desde duchas até a ejaculação externa.


Para saber que tipo de método contraceptivo os vitorianos usavam, precisei buscar em alguns artigos científicos. Existe um livro muito bem detalhado sobre o tema, chamado Unmentionable: The Victorian Lady’s Guide to Sex, Marriage and Manners. Escrito por Therese Oneill, que informa sobre algumas questões que são romantizadas (até demais) em livros de época e séries ou filmes de televisão. Uma delas é o sexo e suas formas de contracepção.


Mas, afinal, que tipo de contraceptivo era comum entre os vitorianos?


Primeiro, temos que nos lembrar que, nessa época, evitar filhos era contra os desígnios de Deus. Isso fazia com que o assunto não pudesse ser amplamente discutido, bem como tornava os métodos anticoncepcionais um tabu para pessoas mais religiosas. Só que, até essas, sabiam que, em algum momento, não dava para ter mais filhos. E, como a abstinência sexual não era o método mais desejável pelos casais, a busca por formas de não engravidar durante o ato sexual era constante.


Um dos métodos comuns era a esponja vaginal. Mulheres aprendiam a cortar esponjas de tamanho que pudesse ser inserida na vagina e embebê-las em soluções como sulfato ou ferro. A inserção tinha que acontecer logo antes do coito e a esponja tinha que ser retirada logo depois. O bloqueio deveria impedir que o esperma chegasse ao útero e encontrasse os óvulos.


Algumas mulheres colocavam rodelas de limão em suas vaginas, já que se acreditava que a acidez da fruta matasse o esperma.


O método da ducha também era bastante usado pelas mulheres. Consistia na inserção de um tubo flexível (de borracha, geralmente) ou uma seringa cheia de uma solução de sulfato de zinco ou outro adstringente, no canal vaginal logo após o ato sexual. Essa ducha limparia todo o esperma de dentro do canal, evitando a fecundação. 

O método mais usado nos livros de época e por mim mesma nos meus livros é a ejaculação externa. Esse método é comum até hoje em dia, mesmo com tanta informação e acesso a preservativos (principalmente os masculinos). Nele, o homem, antes de ejacular, retira-se do corpo da mulher para evitar que seu esperma possa engravidá-la.


O Livro da Natureza, escrito pelo doutor James Ashton em 1861, explicava o seguinte:

A higiene dessa prática é também de grande importância, como as mulheres de qualquer grau de refinamento podem entender. Eu sugiro às pessoas casadas uma regra a seguir: sempre levem para a cama um lenço limpo, que será mantido nas mãos do homem durante o ato nupcial. Será, então, muito fácil colocar o lenço em uma posição adequada para receber o sêmen durante a retirada, no instante em que ele seria injetado no corpo feminino. Se você fizer isso no momento correto, não haverá perda de prazer para nenhuma das partes; e o hábito o fará rapidamente um expert nesse assunto. Ashton, James. The Book of Nature (tradução livre)

Claro que nenhum desses métodos é infalível. Hoje, em pleno século XXI, não existe nenhum método anticoncepcional infalível, apenas a abstinência sexual. Se homens e mulheres fazem sexo entre si, existe a possibilidade de uma gravidez e, naquela época (a vitoriana), a desinformação sobre o próprio corpo deixavam as mulheres muito vulneráveis.


Mesmo assim, era preferível usar algum método contraceptivo a ter filhos que não podiam ser cuidados, ou que arriscariam a vida das mães. Era comum também que amantes usassem os mais variados métodos para evitar filhos bastardos, que eram ilegítimos, não podiam ser registrados em nome dos pais e não tinham direitos hereditários.


Mas, e a camisinha? Existia?


Sim. Desde 1820 se fala bastante em preservativo masculino, mas ele era comum para prevenir doenças venéreas, e não uma gravidez inesperada. As camisinhas eram feitas de vísceras de carneiro e eram reutilizáveis. O homem molhava o preservativo antes de usar e amarrava uma fita na base para garantir a segurança. Depois do uso, o preservativo era lavado e guardado depois de seco, para ser usado novamente.




Encontrei um vídeo ensinando como fazer uma camisinha da era vitoriana, e confesso que é bem desagradável saber todo o processo. Afinal, eram usados intestinos de carneiros! Se tiverem vontade de espiar, basta clicar play no vídeo abaixo!


É importante lembrar que, nos Estados Unidos, o controle de natalidade para as pessoas casadas era ilegal até 1965, enquanto para as solteiras a ilegalidade perdurou até 1972.


Obrigada ao site Jezebel pelas informações contidas nessa postagem, inclusive pelos excertos do livro The Book of Nature. Também agradeço ao site Glamour por informações sobre as leis americanas acerca do controle de natalidade.

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Tatiana Mareto @ 2020 - Todos os direitos reservados.

 

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